Ontem lemos Pessoa, Sophia, O'Neill, P.B. Shelley, Natália Correia, Ti Manuel José do Tojal, Fernando Namora, Carlos Drummond de Andrade, Ruy Belo, Camões... entre outros.
Muitos e bons poemas que nos encantam os dias até ao próximo encontro a 18 de Abril, em que nos reuniremos para falar do livro Abraço, de José Luís Peixoto. Se não o conseguir ler, traga outro livro (à sua escolha) deste autor.
3 comentários:
Obrigado pelo serão passado em boa companhia.
Não sou defensor do novo acordo ortográfico. Mas deixo-vos 2 textos poéticos aquando da reforma ortográfica de 1911.
De Teixeira de Pascoaes:
Na palavra lagryma, (...) a forma da y é lacrymal; estabelece (...) a harmonia entre a sua expressão graphica ou plastica e a sua expressão psychologica; substituindo-lhe o y pelo i é offender as regras da Esthetica. Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão, mysterio... Escrevel-a com i latino é fechar a boca do abysmo, é transformal-o numa superficie banal.
De Fernando Pessoa:
Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portugueza. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente, Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa propria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ipsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
O meu comtributo para o DIA MUNDIAL DA POESIA:
antónio joaquim de matos rodrigues. Pequenino, com dois olhos redondos onde o sol morava.
Uma vez entrou na sala a correr. Levou a mão ao bolso das calças e gritou: senhora! Uma coisa para si! E com mil cuidados, embrulhado num bocadinho de jornal, trirou então a prenda mais espantosa que me deram em toda a minha vida: uma asa de gafanhoto!
Foi o primeiro poema que li do antónio joaquim.
(Do livro "A Criança e a Vida" de Maria Rosa Colaço)
É BOM REGRESSAR NUMA MANHÃ CLARA
manhã clara
límpida e fresca
andorinhas
fazem o ar mais fresco
barcos
vâo-e-vêm
como o senhor mar
que vento tão suave
neste momento
tristeza acabou-se
para dar lugar à alegria
que vem baloiçando
baloiçando
ao sabor das ondinhas
claras e frescas
como esta manhã
( poema do antónio joaquim
in A Criança e a Vida,
Maria Rosa Colaço)
Obrigada ao Nuno e à Carolina pelos excelentes contributos! Lindíssimos exemplos do poder evocativo da nossa língua.
Um abraço aos dois.
Paula
Enviar um comentário